segunda-feira, 26 de junho de 2017

Assassin's Creed Brotherhood


Originalmente publicado em 15 de novembro de 2012

Ok, esse texto irá tratar de spoilers do Assassin’s Creed II. Se você ainda não terminou o Assassin’s Creed II... bom, primeiro, tá esperando o que? Eu já tô atrasado pra caralho fazendo um texto sobre o terceiro enquanto sai o quinto jogo da série. Mas tudo bem, vai lá jogar o II pelo menos, daí você não vai ver spoilers. Ou então feche seu navegador agora.

Assassin’s Creed II termina dando uma de Matrix Reloaded. Um novo personagem aparece do nada assim que Ezio entra na tumba sagrada do Eden usando a maçã e o cajado. Essa mulher diz ser de uma civilização que veio antes da humanidade, e que foi extinta durante um evento não especificado, que irá acontecer novamente em 2012 a não ser que Desmond (sim, Desmond) o impeça, de alguma maneira.

Dessa maneira, Assassin’s Creed Brotherhood, o terceiro game da série, começa exatamente onde o anterior parou, com Desmond e a turma do Scooby-Doo caçando a localização da maçã do Eden em Monteriggioni, a vila do Ezio, nos dias atuais. Lá no passado, no entanto, Ezio deixa o grande vilão Rodrigo Borgia escapar, e retorna a Monteriggioni, apenas para ver a vila ser destruída pelo irmão de Rodrigo, Cezare. No processo, seu tio Mario morre, e ele perde todo seu equipamento, dando um motivo pra você ter que começar do zero no game novo. Merda, não?


Mas as primeiras impressões são as de uma melhoria. É incrível o salto dos gráficos do Assassin’s Creed II pro Brotherhood, mesmo continuando na mesma engine. Modelos de personagens são muito mais detalhados e o mundo parece mais colorido e diverso, com alguns efeitos de iluminação mais realistas. E o mais incrível: roda muito melhor. Por algum motivo, Assassin’s Creed II tinha problemas com seu streaming que faziam algumas travadinhas serem visíveis mesmo no computador mais possante, e elas são completamente eliminadas em Brotherhood. Outro destaque é pras cutscenes, que são mais naturais e tem sons muito mais condizentes com as situações do que no II.

Falando nas cutscenes, os personagens que já tinham sido introduzidos em Assassin’s Creed II tem mais chance de brilhar. A irmã de Ezio, Claudia, tem seu papel expandido significativamente. La Volpe, Macchiavelli e Bartolomeo têm mais espaço e são mais carismáticos. O próprio Ezio Auditore tem ainda mais chance de mostrar como ele é o maior conquistador de mulheres da Itália. E até mesmo os personagens do futuro tem maior exposição. Shaun, o britânico misantropo e cínico, consegue o leve balanço entre ser engraçado e irritante que poucos personagens de games conseguem. Desmond e Lucy tem mais tempo juntos e trocam flertes fofinhos que também são engraçados, não dando nos nervos com melação, mas ainda mostrando uma aproximação e companheirismo.


Na primeira missão, já dá pra notar a adição feita ao sistema de combate: o conceito de “kill streaks”. Basicamente, se você consegue iniciar uma execução instantânea (um counter ou um combo kill) você pode, com um clique do mouse e segurando a direção desejada, criar uma cadeia de execuções que dura até algum inimigo te acertar, Batman Arkham Asylum style. Você também pode, comprando um upgrade, carregar armas pesadas o tempo inteiro, ou seja, aquele machadão do capeta que os guardas grandes carregam podem ser carregados por você o tempo todo. E aqui começam as reclamações, pois isso remove qualquer vestígio de desafio que o combate possuía (que já não era muito) e ele se torna insípido e tedioso, tanto que você passa a tentar passar despercebido pelos guardas só pra não ter que perder tempo lutando com eles.

Não que isso vá tornar o game mais difícil. Ao ir pra Roma, você vai ver como você tem armamentos suficientes pra derrubar o Império sem precisar se esforçar muito. As faquinhas ninja se tornam obsoletas quando os arqueiros dos telhados passam a usar mais armadura, mas dessa vez a pistola do Assassin’s Creed II recebeu um upgrade e você consegue mirar com ela em um segundo. Além disso, se você quiser passar mais despercebido ainda, pode comprar uma besta, que age exatamente como a pistola, porém sem fazer barulho, o que faz até o aspecto do “stealth” perder todo o desafio. É muito fácil!

E calma, a facilidade não acaba por aí. A vila de Ezio foi destruída, mas não nos livramos da reconstrução dela não. O que temos agora é que toda a cidade de Roma, tomada pelos Borgia, precisa ser renovada. Ou seja, Ezio precisa primeiro expulsar os Borgia de cada bairro, indo até uma torre, assassinando um capitão e depois pondo fogo na torre. Depois você pode investir seu dinheiro nas lojas daquele bairro para abri-las para uso assim como receber lucro a cada 20 minutos, assim como no game anterior. Em quanto mais lojas você investe, maior o desconto que você ganha nelas e mais dinheiro você ganha. Esse dinheiro pode ser gasto em armas e armaduras (que são bem menos numerosas e continuam se tornando obsoletas depois que você completa uma das linhas de quests) e em mais renovações, incluindo mesmo pontos turísticos de Roma, como o Coliseu por exemplo.


Eventualmente, você ganha o privilégio de treinar mais discípulos de assassinos. Para cada torre dos Borgia que você destrói, você ganha um slot de aprendiz em sua guilda, depois tem que resgatar algum cidadão que está sob ataque dos soldados, então ele se junta ao seu grupo. Você então pode enviá-los em missões por toda a Europa para ganhar mais dinheiro e ganhar experiência para subir de nível e usar armas e armaduras melhores. Então, durante suas missões, você pode apertar um botão e fazer um assassino se teleportar do meio do nada e matar o seu alvo. Ou seja, o jogo fica tão fácil que você pode ENVIAR ALGUÉM PRA FAZER O SEU SERVIÇO!

Tá, exagerei agora, mas é claro pra mim que a série Assassin’s Creed começa a perder seu caminho aqui. É um bom game ainda, já que o parkour e o deslocamento pela cidade é divertido, e tudo que funcionava bem em Assassin’s Creed II ainda está aqui. Mas o problema é que a Ubisoft não tá sabendo parar. Assassin’s Creed II precisava ter novas ideias, pois o primeiro game era tão fraco e repetitivo que foi malhado pela crítica. Então a Ubisoft socou ideias no segundo até elas saírem pelos poros. Brotherhood não precisava de mais coisas pra se fazer, mais massa de coisas pra fazer, mais sistemas que só servem para encher a parte de trás da caixa com “inovações!” e “jogabilidade melhorada!”. Uma das únicas adições que tenta trazer um pouco mais de desafio são os objetivos secundários, que cada missão possui e que são necessárias para conseguir 100% de sincronia. Exemplos são conseguir certo número de kill streaks, ou matar tantos guardas enquanto escondido em montes de feno, ou completar a missão em tanto tempo.


O jogo peca em outras áreas também, algumas que já funcionavam perfeitamente no segundo game. Uma linha de missões envolve encontrar máquinas que Leonardo da Vinci, agora forçado a trabalhar para os Borgia, criou para ajuda-los a dominar a Itália. Cada uma dessas missões tem uma parte diferente e divertida envolvendo alguma máquina mirabolante, como um tanque, ou um barco de remos com canhões, ou trazendo de volta a máquina voadora. Essa missão da máquina voadora, por algum motivo, se tornou terrível, pois os controles ocasionalmente param de te responder enquanto a máquina desce em direção a uma torre ou seu alvo escapa em tempo. E ela funcionava tão bem no segundo game que não precisava ser mudada.

As outras coisas supérfluas também ainda estão aqui. As partes de programa deixadas pelo número 16, o caboclo que veio antes de Desmond na lista de sujeitos da Abstergo, ainda estão aqui e prometem dizer “A Verdade” (mesmo que já tenhamos visto “A Verdade” no game anterior) e agora são enigmas irritantes que na maior parte do tempo requerem uma visita ao Google ou horas de tentativa e erro. As tumbas dos assassinos continuam divertidas, em todo seu estilo Prince of Persia, pois o jogo está em seu melhor quando abraça o assassinato e o parkour.


Mas o fato é que ter um Assassin’s Creed lançado todo ano só prejudica a franquia. São feitas adições e o conteúdo é expandido, mas nenhuma dessas adições faz muito sentido ou realmente foca nas forças do game. Os personagens e história de Assassin’s Creed tem tido atenção, no entanto. Fica a critério de Assassin’s Creed Revelations resolver a zona entre as histórias de Ezio e Desmond de uma maneira mais focada e mais desafiadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário