segunda-feira, 26 de junho de 2017

Call of Duty: Ghosts

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Originalmente publicado em 15 de abril de 2014

Call of Duty: Black Ops foi o jogo da franquia que me fez perceber o quanto esses jogos de tiro militares estavam ficando cada vez mais chatos, e uma das principais críticas que fiz foi que Black Ops falhava em ser o jogo que seu próprio título dava a entender que seria. Quando penso em “Black Ops”, penso em missões de espionagem, penso em agentes trocando informações secretas em becos escuros, e penso em coisas que poderiam ser negadas pelos governos envolvidos. A última coisa que penso é em invadir Cuba com um esquadrão de três soldados e dar um tiro na cara de Fidel Castro, e isso acontece logo na primeira missão.

Mas COD: Ghosts supera tudo isso. Não apenas no quesito de qualidade, pois Ghosts continua a queda contínua da franquia a todo vapor, mas também em falhar quanto ao próprio nome, e falhar também quanto à própria sequência de introdução. Veja bem, os “Ghosts” são uma equipe de soldados de elite que se especializam em derrotar números muito mais altos através de táticas de infiltração e guerrilha. Qual é uma das primeiras missões? Resgatar um dos soldados da equipe entrando num estádio de futebol tomado pelo inimigo. Como entrar? Portão adentro com um caminhão em chamas, claro. Belos fantasmas esses, tão discretos quanto rinocerontes em uma loja de cristais.

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A outra premissa “nova” é que este seria um jogo onde os antes poderosos Estados Unidos estariam enfraquecidos, lutando contra um inimigo muito mais forte. Então o lance é que a América do Sul se uniu numa única bandeira e resolveu marchar para o norte. Ignoremos por um momento o fato de que todos os países sul-americanos juntos não chegariam perto do perigo que a Rússia (vilã de todos os jogos da série Modern Warfare) poderia ameaçar, mas o exército da “Federação” só consegue colocar os EUA em perigo depois de tomar uma plataforma de mísseis ultra destrutivos que está em órbita do planeta. Tipo... mísseis orbitais! Não só os EUA estão deixando seu desenvolvimento de armas nas mãos do Megatron, como a grande força maligna não tem a capacidade de criar sua própria super arma para enfrentá-los.

Os absurdos da história não param por aí. Nós, sul-americanos, aparentemente somos tão inúteis que nem temos um vilão só pra gente. Sim, o grande vilão dessa vez é um ex-Ghost que precisou ser deixado para trás e ficou bravinho por isso, resolvendo então caçar todos os outros Ghosts. E isso só realça como COD virou a maior fantasia dos brancos marombados, pois em todo o jogo eu consegui reconhecer apenas dois personagens que não eram homens, brancos e marombados: uma astronauta mulher no início do jogo, e um dos membros dos Ghosts que é negro. Ambos morrem assim que são apresentados, e os outros personagens demonstram menos emoção pelas suas mortes do que quando o cachorro toma um tiro.

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Reclamarão que COD nunca é sobre a história. Realmente, eu nunca perdi tanto tempo prestando atenção na história de um COD antes, mas o fato é que a jogabilidade não tem absolutamente nenhuma mudança que vale a pena ser dita. E o mais triste é que dá pra perceber que alguma tentativa foi feita. Pegue como exemplo a maior propaganda que foi feita antes do lançamento: o cachorro. Foi prometido que você poderia jogar com o cachorro, e que poderia utilizá-lo para atacar os soldados inimigos. Uma das missões cumpre com essa promessa, e coloca o jogador na pele do cachorro, atravessando e se escondendo na grama alta, pegando soldados inimigos pelo pescoço. É facilmente a missão mais legal do jogo, mas aí que tá: é apenas uma missão. Durante o restante do jogo você nunca mais nem vê o maldito cachorro. Algumas outras tentativas foram feitas: duas missões onde você joga em ambientes de gravidade zero, uma embaixo da água e a última missão, no espaço. Ambas são iguais a todas as outras, mas o controle é um pouco pior, pois qualquer toque na seta faz seu personagem flutuar pra fora da cobertura e tomar tiro de todas as direções possíveis, além de uma parte na missão de água em que você tem que fazer EXATAMENTE o que o jogo espera que você faça, ou tubarões te comem. Sem comentários.

Mais imperdoável é o fato de que apenas depois de vários drivers da Nvidia e DEZ patches, o jogo se tornou jogável no PC, mas ainda tem tudo que é tipo de problema técnico. As cenas da história, que são mostradas durante o carregamento do jogo, travam e perdem a sincronia com o som. Fortes travadas acontecem em praticamente qualquer cena de tiroteio, ou seja, durante o jogo todo. Consegui identificar algumas coisas que causavam travadinhas, como explosões de granadas, por exemplo, mas durante todo o resto do tempo parecia completamente arbitrário. O FRAPS não funciona com o jogo de jeito nenhum, além de causar mais travadas, portanto todas as screenshots usadas aqui foram encontradas no site GamesRadar.com. Considerando que Battlefield 4 tem gráficos insanamente melhores e roda leve na minha máquina, só pode ter algo de errado com a otimização aqui.

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O triste é que um dia eu já gostei de COD: na época em que os jogos de tiro de Segunda Guerra Mundial estavam se esgotando. Mas talvez a franquia devesse voltar para algum conflito histórico onde eles não precisem usar a pouca criatividade que tem criando uma história plausível. Para finalizar, deixo aqui uma sugestão: pode ser menos explosiva e menos Hollywoodiana, mas que tal inovar e tentar uma campanha na Primeira Guerra Mundial? Não temos jogos dessa época por aqui. Seria, no mínimo, mais interessante do que essa draga.

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